O curso de Direito da FESP promoveu na quarta-feira, 12 de agosto, a tradicional Aula Magna do segundo semestre, que nesta oportunidade aconteceu de forma remota devido à pandemia do covid-19. No período da manhã, o convidado foi o prof. Dr. Clayton Reis, que contou também com a participação do professor da FESP Fábio Pendiuk. No período da noite a Aula Magna foi ministrada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça – STJ, prof. Dr. Nefi Cordeiro. Em ambas atividades, a FESP foi representada por seu presidente, prof. Gilson Bonato e pela prof. Gabriela Buzzi, que conduziu os trabalhos.

Atividade contou com a participação dos alunos de todos os períodos do curso de Direito da FESP, além dos participantes externos, que contribuíram com perguntas e mensagens para os convidados via ferramenta de comentários.

A Aula Magna da manhã teve como tema “A Pandemia e os Novos Saberes”, trazendo aos alunos um qualificado debate sobre sociedade, economia, ciência e Direito. Foi justamente sobre essa abordagem sistêmica do conhecimento o destaque da fala do prof. Clayton Reis, juiz de Direito aposentado da magistratura, mas que continua a ministrar aulas na Unicuritiba, Universidade Tuiuti e na Escola da Magistratura do Paraná.

Abordando a crise trazida pela pandemia como uma oportunidade de crítica para os rumos da humanidade, o convidado da manhã trouxe a seguinte questão: “Temos que analisar (a crise) sobre o aspecto sociológico, filosófico, espiritualista, sobre o aspecto humano. O que está em jogo nesta realidade?”. Partindo desse pensamento e das falas do físico teórico e escritor Fritjof Capra, tensionou o debate em múltiplos sentidos, apresentando um crítica consistente sobre a sociedade, mais especificamente sobre o consumo como principal busca da humanidade.

“Nos tornamos essencialmente consumidores, estamos envolvidos com essa pandemia consumerista. Isso resolve nosso problema? Não, não resolve. Acho que o consumo é um meio, não o fim. Somos escravos dessa situação. A pandemia veio para nos ensinar. À despeito de você ser uma pessoa com poder econômico extraordinário, um pequeno vírus pode botar um fim em tudo isso.”

Ainda parafraseando Capra, o prof. Clayton Reis buscou na ética e na moral os instrumentos da razão para analisar nossos valores como sociedade, “o que falta é um compasso moral, na política e na economia”. Vale lembrar, ainda segundo o palestrante, que a questão não se reduz em seu sentido ideológico, mas como uma necessidade de preservar o planeta e a vida que dele depende.

Aprofundando a análise sociológica da pandemia, o professor da FESP Fábio Pendiuk aprofundou o debate, trazendo elementos para definir a crise trazida pela pandemia não apenas como sanitária, mas como uma crise civilizacional. “A pandemia tem nos levado a distanciamentos mais graves do que a distância segura entre nossos corpos. O risco de se intensificar muito alguma coisa não é só econômico, mas sim uma crise civilizatória”, disse o professor.

Lembrando os panoramas históricos e sociais desenhados pelas eclosão da I Guerra Mundial, a posterior crise de 1929, passando pelos regimes autoritários que se estabelecem no contexto da II Guerra Mundial, prof. Fábio Pendiuk traçou uma rápida análise dos “anos dourados do Capitalismo”, que se caracteriza pelo investimento estatal, reconfigurações geopolíticas, expansão do comércio e a centralização do debate político e econômico na forma democrática.

“Está mais do que na hora da gente revirar a filosofia, e principalmente a ética, através do pensamento que construiu a modernidade – que não chegou para todos nos campos das ideias -, para passar a ver o mundo de cima, com os nosso próprios olhos” – assim encerrou sua reflexão o prof. Fábio Pendiuk.

Para a também professora do curso de Direito da FESP prof. Gabriela Buzzi, “a pandemia da COVID-19 nos trouxe muitas dúvidas e mudanças, muitas delas difíceis, ao mesmo tempo que nos deu a possibilidade de reunirmo-nos de forma virtual entre aqueles que, de forma diferente, não poderiam estar juntos” – justamente o caso do prof. Nefi Cordeiro, que trabalha em Brasília. Assim, as aulas realizadas na última quarta-feira possibilitaram a nossa reunião com pessoas incríveis – Prof. Dr. Clayton Reis e Prof. Dr. Min. Nefi Cordeiro –, de um conhecimento relevante na área jurídica, além de seres humanos diferenciados, com um caráter único”, disse a prof.ª Gabriela, que conduziu as palestras nos períodos da manhã e noite.

Prof. Nefi Cordeiro

Curitibano formado pela Universidade de Direito de Curitiba, o prof. Nefi Cordeiro é atualmente ministro do Superior Tribunal de Justiça. E segundo ele mesmo, “rodou muito” até chegar onde está. E foi justamente para falar sobre “Carreiras Jurídicas” com os alunos da FESP que o ministro do STJ aceitou o convite para ministrar a Aula Magna.

Antes de começar a palestra, o ministro do STJ foi precedido pelo presidente da FESP, prof. Gilson Bonato, que agradeceu a participação do convidado e amigo. “É uma grande alegria, por saber que sempre desempenhou com muita ética todas as funções tanto no poder judiciário, quanto no magistério – tive a honra de compartilhar com o prof. Nefi muitas experiências acadêmicas. Foi meu professor em um curso de especialização na PUC, participou de uma banca em um concurso interno na PUC em que concorri, participou da minha dissertação de mestrado na PUC e compartilhamos muitos momento juntos em bancas de monografia. Curitibano, representa nosso Estado de maneira brilhante em um Tribunal Superior.”, disse o prof. Gilson Bonato antes de passar a palavra ao convidado.

Após a apresentação, o prof, Nefi Cordeiro contou sua trajetória, que não se resume ao curso de Direito. Formado também em Engenharia Civil, escolheu o Direito pelas várias oportunidades que ele reserva. Além do Direito e da Engenharia, o prof. Nefi Cordeiro também é graduado como oficial pela Academia Policial Militar do Guatupê. Formado em Direito, prestou concurso e passou como promotor, juiz de direito e juiz federal. Hoje, como já mencionado, é ministro do Superior Tribunal de Justiça.

“Em todas as carreiras, o principal requisito é a consistência, a dedicação”, enfatizou o ministro durante sua palestra. Diferente da engenharia, que segundo o ministro possui possibilidade de carreiras mais reduzidas quando comparado com o Direito – experiência comprovada e vivida pelo próprio palestrante, conforme comprova seu currículo.

“O curso de Direito é muito importante porque ele permanece abrindo portas mesmo depois da conclusão. Eu até brinco com quem me pergunta sobre o mercado, sobre que curso escolher: Na dúvida, faça Direito, que você pode se formar e continuar na dúvida, visto que são inúmeros concursos públicos, atividades privadas, profissional liberal, consultoria, gestão…”, disse o prof. Dr. Nefi Cordeiro, que agradeceu a oportunidade de falar aos alunos da FESP.