Dependendo da vertente de atuação, o luto patológico pode ser denominado de “luto complicado”. Isso porque os especialistas desejam desvincular o luto da ideia de doença 

Miniauditório com a presença de alunos e professoras

Letícia Goulart de Barros Barreto e Thereza Cristina de Arruda Salomé D’Espíndula mostram que o ser humano vive diariamente pequenos lutos. Foto por Gabrielle Cordovi /Agência de Comunicação ACCIO.

Na noite de terça-feira (14), o curso de Psicologia, durante a Semana Acadêmica da FESP, organizou um cronograma voltado para desvendar as particularidades do luto e da melancolia, sentimentos inerentes ao ser humano.

As docentes do curso de Psicologia Letícia Goulart de Barros e Thereza Cristina de Arruda Salomé D’Espíndula definiram o conceito de luto, a partir de estudos científicos, embasando a análise nos pensamentos de Sigmund Freud e ilustrando essa ideia por meio de um curta metragem infantil, intitulado de “Umbrella” (guarda-chuva, na tradução).

O luto, enquadrado como patológico, pode ser entendido como uma espécie de sangramento da libido, provocando dor no indivíduo. Esta explicação, proporcionada pela professora Letícia, descreve a forma como o ser humano não consegue se desatar do objeto perdido. A perda – que, consequentemente, gera melancolia – pode ser de um ente querido, do emprego ou, até mesmo, quando a pessoa precisa se distanciar da própria pátria por questões políticas, econômicas ou geográficas.  

A docente Thereza esclareceu, no entanto, que já há vertentes da Psicologia que encaram a terminologia “luto patológico” como equivocada, adequando-a para “luto complicado”. Ou seja, desvinculando da ideia de doença, para o entendimento de um luto estendido, visto que não foi elaborado.

O trabalho de luto se assemelha ao movimento do pêndulo, oscilando de um lado para o outro, tendo por intuito conseguir uma posição estável. Esse movimento significa que ora a pessoa está na elaboração do luto, ora a pessoa se aproxima do esquecimento do luto. E, aos poucos, o indivíduo chega ao patamar de estabilidade”, reforça a professora Thereza.  

Para contribuir com a análise da colega, Letícia acrescentou que o fato de elaborar o luto não significa esquecer do objeto perdido. A lembrança e a saudade, portanto, vão permanecer para sempre no inconsciente da pessoa.  

“Luto, a partir da perspectiva da psicanálise, é o trabalho subjetivo de ter ação da perda. O novo guarda-chuva representa, metaforicamente, a elaboração da perda e o fato de conseguir tocar a própria vida”. O guarda-chuva é uma menção ao curta-metragem compartilhado em sala de aula, que serviu como suporte para a compreensão do luto.  

As docentes reforçaram, por fim, que o indivíduo precisa ter o luto reconhecido e validado pelos seus pares e, principalmente, pela sociedade.